O relógio marcava cerca de 10 minutos desde que o cabo Marcus Vinícius Ceschini havia chegado ao quartel do Corpo de Bombeiros Militar de Garuva, no Norte de Santa Catarina, para iniciar mais um plantão. Ele ainda conferia os materiais necessários para o trabalho quando o telefone tocou, dando início a um dos dias mais marcantes na memória dele e de outras pessoas do Sul ao Norte do país.
Era 25 de janeiro de 2021, o terceiro e último dia de viagem do ônibus da empresa TC Turismo, que levava 52 passageiros e dois motoristas do Pará a Santa Catarina.
Na bagagem, além das malas, havia a expectativa por uma vida nova, já que grande parte dos passageiros vinha ao Sul do país em busca de novas oportunidades de emprego, alguns levando toda a família no veículo.
O clima era de expectativa na manhã daquela segunda-feira. Antes de descer a chamada “Serra de Curitiba”, trecho da BR-376 que liga Paraná e Santa Catarina, o ônibus fez uma parada em um posto de combustíveis.
Lá, os passageiros, muitos dos quais não se conheciam antes da viagem, tomaram café animados pela chegada ao local em que buscariam nova vida. A alegria, no entanto, deu lugar ao desespero em poucos minutos, mais precisamente às 8h31.
Na descida da serra, em Guaratuba, em um trecho conhecido como “Curva da Santa”, o ônibus perdeu o controle no Km 668 da rodovia, saiu da pista, tombou sobre a lateral da via e ficou pendurado em uma ribanceira. Dezenove pessoas morreram e 33 ficaram feridas em um cenário de caos que os envolvidos ainda tentam esquecer.
“A gente recebeu a ligação informando que era um acidente grave, envolvendo múltiplas vítimas, que era um ônibus de dois andares. Conhecemos a região, a Curva da Santa tem um histórico grande de acidentes, então já fomos pensando em algo grave, mas não com tanta seriedade”, lembra o cabo Ceschini, um dos primeiros bombeiros a chegar ao local da tragédia.
Diversas vítimas e um terreno difícil
As cenas que se seguiram são difíceis de esquecer, tanto para as vítimas do acidente quanto para os diversos profissionais que trabalharam no resgate e socorro aos passageiros.
“Havia muitas vítimas ejetadas, muita gente pedindo ajuda. Até pra gente que já é treinado e está acostumado a ver esse tipo de acidente foi uma cena bem impactante”, lembra Ceschini.
Além da quantidade de vítimas a serem socorridas, outro fator que dificultou o socorro foi o local em que ocorreu o acidente. “Por se tratar de um terreno irregular, primeiramente precisávamos fazer a estabilização do veículo, que poderia sofrer algum tipo de movimentação”, explica o sargento Jean Ricardo Costa, comandante do quartel dos bombeiros militares em Garuva.

Além disso, o terreno acidentado e escorregadio por causa da umidade tornou o resgate ainda mais desafiador. “As vítimas que precisaram ser salvas estavam em uma área ainda mais baixa. Tivemos que fazer o içamento com cordas para a equipe descer até o local e resgatar essas vítimas”, destaca Costa.
Fonte/Créditos: ND
Créditos (Imagem de capa): Foto: Ricardo Alves/NDTV
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